Praticamente uma aula… assim foi nosso bate-papo com Thiago Espírito Santo.
Soundcheck: Ser referência para muitos músicos, o que isso representa para você?
Thiago: Eu sabia que tinha que ser bom! Mas ser bom é muito vago… bom para quem, por que, como, quando, onde…
Música é uma coisa que sempre me moveu, sempre gostei muito de música! Sempre quis tocar muito bem a música, entender ela de uma maneira que eu conseguisse me tornar um expoente. Uma pessoa que pudesse se comunicar através da música… que realmente, soubesse falar esse idioma.
Estudo até hoje, dou aula, faço shows, arranjo, gravo… enfim, vivo da música! Hoje ser uma referência, me deixa feliz!
Soundcheck: Isso te trás uma certa responsabilidade, te faz bem para continuar evoluindo?
Thiago: Essa é uma pergunta de duplo sentido. As pessoas ao lerem uma resposta como essa, podem querer medir seu ego… para saber se você se acha ou não.
“Vale a pena acreditar no seu sonho,
trabalhar por ele todo dia, por que dá resultado.”
Mas com certeza, faz bem para o ego saber que tenho 18 mil pessoas me seguindo nas redes sociais… lógico que faz bem, é maravilhoso! A sensação de ter gente que acompanha meu trabalho é muito boa.
E tenho certeza que essas pessoas que me seguem, assistem meus vídeos no YouTube, me procuram para aulas… todos eles me acompanham pela maneira como eu encaro a música!
Soundcheck: O que você busca com a música?
Thiago: Eu faço música que as pessoas sentem… música que não tem letra!
“ Tem muita gente com o objetivo de pegar o instrumento e arrepiar.
Que legal, mas a música não é isso! ”
Acho muito importante que o músico aprenda a fomentar e incentivar o consumo de cultura com qualidade. Na verdade, para tudo na vida, é preciso qualidade. Minha busca é muito mais essa, do que tocar uma nota certa ou errada.
Soundcheck: Em algum momento você se sentiu cobrado ou pressionado, pelo fato de ser filho do Arismar?
Thiago: Tenho muito orgulho de ser filho do meu pai, como músico e como pessoa.
A cobrança foi grande, até por que eu me preocupava muito com a opinião dos outros. O que os outros vão pensar disso ou daquilo! Mas tudo isso fez eu estudar cada vez mais para provar que eu era capaz. Era pegar no baixo que já vinham os comentários… comparação absurda com meu pai.
Cara, eu nunca vou tocar melhor do que ele! Primeiro porque não existe ninguém que toca melhor que ninguém. Música é horizontal, cada um na sua área, com sua própria vivência, experiência, cada um imprimindo a sua própria identidade!
Existem 7 bilhões de pessoas no mundo e cada um com uma digital. Como que eu vou querer comparar você com o uma outra pessoa, dizer se é melhor ou pior?!
Eu não queria ser igual e sabia que não ia ter como. O que eu sabia era que precisava comer o baixo!
Só depois de uns 10 anos tocando contrabaixo que meu pai disse: – Parabéns, você tocou pra caramba! Faz parte e foi bom conquistar esse reconhecimento, por que pude ver que valeu a pena me dedicar.
Soundcheck: Hoje, você tem sua própria identidade na música?
Thiago: Com todas essas cobranças, comecei a estudar 12, 16 horas por dia. E as pessoas começaram a perceber, em minhas apresentações.
Mais por que? Enquanto os caras estavam bebendo, fazendo média… eu estava em casa estudando. Isso sim é o que faz a diferença!
Hoje eu vejo que eu consegui ter minha carreira, gravar meus discos, compor minhas músicas… consegui ter uma carreira independente de tudo e dos meus pais!
Soundcheck: Como é tocar com todos esses grandes nomes da música?
Thiago: Eu ouvia e ia muito em shows de todos esses caras… e de repente, esses mesmos caras, começaram a me chamar. Isso é um sinal que você esta no caminho certo.
Trabalhar com esses caras é muito bom… é gratidão! Tocar com todos esses nomes, como o Hermeto, Toninho Horta… o Amilson Godoy, por exemplo, que curte tocar comigo e gosta de mim. Isso é um prazer! Eu não me coloco no nível deles, nunca… mas eu dialogo com eles!
Soundcheck: Você se preparou com o objetivo de tocar com esses caras?
Thiago: Eu me preparei para isso. Hoje eu posso subir em qualquer palco para tocar qualquer música que eu sei o que estou fazendo. O que me preocupo hoje em dia não é mais como vou tocar, mas sim, se esta soando tudo legal, se o som esta bom, como esta o público…
“O que faz a coisa acontecer é a sua filosofia e a cabeça.”
Infelizmente, muita gente quer soluções rápidas, procuram pela política do imediatismo… aprender uma frase ou outra para impressionar, mas que acaba não dando o recado, muito menos consegue contar uma história.
Por isso que eu digo que a música é um idioma, é preciso se alfabetizar! Demora? Claro, leva muito tempo, mas não é impossível!
Isso serve para qualquer área, não somente na música… sentar com os grandes e poder trocar uma ideia é muito gratificante.
Soundcheck: Quem são suas referências?
Thiago: São várias, de vários aspectos. Referências musicais, de vida… todas elas somam e influenciam minha música.
O Jaco Pastorius foi uma referência no contrabaixo. Quando eu vi ele tocando coloquei como objetivo, tocar igual ou melhor. Ele é o melhor do mundo? Então vou estudar para chegar nisso!
Minha mãe Silvia Goes, uma das pessoas que mais me ensinou, não por ser minha mãe, mas por ser uma pessoa muito esclarecida e inteligente. Meu pai, que aprendi sensitivamente, com o convívio, observando…
E muitos outros grandes nomes da música, como o Hermeto Pascoal, alguns pensadores, autores… Pessoas que eu admiro muito por diversos fatores, por serem caras com uma visão esclarecida.
“O grande segredo para continuar evoluindo é encontrar
o equilíbrio entre a música, o emocional, o racional…”
Todo dia eu aprendo. Estou longe de acertar tudo, eu erro pra caramba! E o dia que eu acertar tudo, é sinal que deu para mim.
Soundcheck: Como você descobriu o caminho, para chegar até aqui?
Thiago: Tem um livro que chama “O poder sem limites” do Anthony Robbins… esse cara é genial, ele fala dos passos que você precisa dar na sua vida.
Se você não esta feliz do jeito que está, como seria melhor?! Aí ele te faz algumas perguntas, como: Qual é o seu problema? Isso é problema ou desafio? O que você está disposto a fazer para conseguir o que você quer? Você está disposto deixar de fazer alguma coisa para conseguir o que você quer? O que você precisa fazer para curtir o processo enquanto você passa por ele?
Isso é inteligência emocional… coisas que deveria ter na escola, mas não temos!
Eu botei na cabeça um objetivo, coloquei algumas metas de curto, médio e longo prazo. Sim, é penoso, parece ter uma força oposta, a cada porta que você tenta abrir… mas se você não abrir, pode ser que seus objetivos estejam ali, atrás daquela porta.. e ai?!
Ler sobre esses caras inteligentes, você ganha muito recurso, combustível e maneiras de abrir cada porta. E a vida segue!
Soundcheck: Tem coisas que você ainda não fez e gostaria de fazer?
Thiago: Tenho sim! Quero fazer meu disco solo, só contrabaixo. Também quero fazer um show com orquestra… ser sempre criativo, continuar compondo e viver até os 100 anos fazendo música. (risos)
Agora estou lançando uma escola online (www.cursosthiagoespiritosanto.com), que eu tenho trabalhado bastante… tenho me dedicado a isso.
Thiago, obrigado por nos receber novamente para mais esse bate-papo e desejamos muito sucesso no seu novo projeto! Vlw
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