Batemos um papo com o Bolha, baterista da dupla Bruninho & Davi, que mesmo com a agenda lotada, separou um tempinho entre um compromisso e outro para nos atender. Confira como foi mais esse bate-papo!
Soundcheck: Quando foi seu primeiro contato com o mundo da música?
Bolha: Desde moleque eu já curtia Rock n’ Roll, skate… em consequência disso, nos anos 90 comecei a escutar Raimundos, Charlie Brown Jr e toda essa galera da época, e me deu vontade de estar tocando em cima de um palco, fazendo shows! Queria ser um frontman, gostava de guitarra!
Com 13 anos, entrei na Sonotech, uma firma de sonorização do meu tio. Entrei lá, por que curtindo esse lance de skate e começando a querer ter banda, precisava de uma grana para comprar algumas coisas, começar a investir!
Ali eu fazia de tudo, estava aprendendo e vendo tudo de perto. Puxava cabo, microfonava, pegava pedestal…
Soundcheck: Quando começou a tocar bateria?
Bolha: Vendo tudo aquilo de perto, no play… fiquei louco, e comecei a pirar mais na batera, mesmo com a ideia de ser um frontman! Foi quando montei a primeira banda com os amigos. Juntamos uma galera onde todos arranhavam de tudo. Uma hora tocava guitarra outra tocava bateria, cantava… só rock n’ roll!
Como eu já estava curtindo batera, acabei saído dessa primeira banda e montando outra com a galera do bairro, mesmo sem ter bateria.
Não tinha nada, só tinha um par de baquetas! (risos)
Com isso, precisei descolar um estúdio de ensaio que eu pagava uns cincão a mais para o cara alugar os pratos, caixa, pedal… e poder ensaiar. Como eu queria que a coisa rolasse, acabava fazendo todo esse corre!
Soundcheck: Quando surgiu a primeira gig?
Bolha: Eu já vinha tocando com as bandas do colégio, com a Banda Kadilak ganhamos o primeiro cachê e fizemos o primeiro investimento, uma meia lua para a banda!
Mas foi nessa época, ensaiando no estúdio do Demétrios que ele me conheceu e me chamou para tocar na banda dele e então com uns 16 anos caí na noite de Campo Grande, tocando com a banda Fly Band.
Desse momento em diante, com uns 16, 17 anos, já não estava mais na empresa de som e só estava tocando na noite, fazendo a correria!
Soundcheck: Em qual momento percebeu que toda essa sua correria estava te levando para um lado mais profissional?
Bolha: Como a grana da noite ainda não era o ideal e eu já estava começando a investir em equipamento, voltei a procurar algum trampo durante o dia.
Cheguei a trabalhar nos correios, fazia uma correria violenta!
Mas foi em um dos ensaios, no Top Som Estúdio, que eu disse para o Flávio Goulart: – Você não precisa de alguém para dar um talento aqui no estúdio?
Ele acabou me contratando, de carteira assinada e tudo mais e lá fiquei por um bom tempo, onde acabei aumentando meu ciclo de amizade e comecei a tocar com uma galera de Campo Grande.
Até que fui convidado pelo Hugo Zucareli, para tocar na banda dele, que acabou virando Banda Zuka, formada pelo Hugo, Victão (baixista), Davi (guitarrista e vocal), Bruninho (tecladista) e eu na batera.
Esse foi o primeiro trampo que eu fiz com mais objetivo e comecei a fazer algo mais profissional para buscar um espaço no cenário nacional.
Soundcheck: Quando começou seu contato com as grandes produções?
Bolha: Nesse momento com a Banda Zuka, comecei a ter contato com um mundo mais profissional, gravamos alguns clips e um DVD acústico. Foi quando conheci o Dudu Borges (produtor), que na época, veio fazer a captação do áudio do DVD.
Na sequência, o Bruninho e o Davi que tinham recém montado a dupla, fizeram o primeiro show que foi uma gravação na Valley, onde gravei a batera. Nisso aconteceu o segundo contato com o Dudu, dessa vez com ele produzindo. Foi massa demais!
Na segunda-feira, logo depois da gravação do Bruninho & Davi, o Dudu me ligou convidando para substituir o Thiago Centurião (baterista), na banda da Janaynna Targino. O Thiago tinha quebrado a mão, e precisava de um batera enquanto se recuperava.
Peguei o repertório na segunda mesmo e na quarta já estava tocando… Foram 17 shows em 35 dias!
Acredito que isso acabou sendo um teste para tocar com o Michel Teló!
Soundcheck: Como foi a experiência de tocar com o Michel Teló?
Bolha: Tudo aconteceu depois desse sub que eu fiz para o Thiago. Alguns dias depois recebo uma ligação do Michel Teló, dizendo que estava precisando de um batera para o trabalho solo que ele estava lançando e que o Dudu Borges tinha me indicado… a partir desse dia foi um divisor de águas na minha vida!
Conquistei todos os meus objetivos… todos os sonhos que tinha desde moleque consegui realizar.
Um dos sonhos era tocar no Programa do Jô. Assistia todas as bandas e os músicos que eu pirava, como: Sandro Moreno, Wlajones… acabei dobrando a meta, toquei no programa duas vezes com o Michel Teló!
Hoje sou endorse das baquetas Spanking, dos pratos Krest e da Sonotec que representa a Gretsch no Brasil. Esse também era outro sonho, ser patrocinado por grandes marcas de instrumentos.
Foram quatro anos e dois meses intensos tocando com o Michel, além de rodar o Brasil passei por 16 países, lugares que nunca imaginei conhecer!
Soundcheck: Como foi tocar em 16 países?
Bolha: Passei por lugares que jamais imaginei tocar, como: Portugal, Espanha, Luxemburgo, Japão, Croácia… e Londres, onde foi muito legal por que o Luis Ávila (guitarrista), estava morando por lá. Andamos o dia inteiro por vários lugares e também nos Pubs onde dei até uma canja!
Meti uma vanera no meio dos gringos (risos)… foi bem massa!
Soundcheck: Como entrou em mercados nada comum para um batera do sertanejo?
Bolha: Esse período com o Michel abriu portas para outros mercados… fui convidado pelo Márcio Vitor (cantor e produtor), para gravar o disco do Denner Ferrari que aconteceu no estúdio Ilha do Sapo, lá no Candeal em Salvador. Ele queria fazer uma onda meio Axé com Sertanejo e vendo meus vídeos, achou que eu era ideal para esse trampo, junto com Gigi (baixista), Jaguar (guitarrista), Gerson Douglas (gaita), Oziel (violonista) e Platada (tecladista) e saiu essa mescla de Mato Grosso do Sul com a Bahia.
Soundcheck: O que te fez sair do Michel Teló, depois de todo esse período?
Bolha: Foi uma junção de vários motivos, um deles foi o meu casamento, devido a frequência de shows ser muito grande, nunca achava data. Outro motivo foi o QG Drums que estava começando a caminhar e eu não estava conseguindo acompanhar de perto.
Então foram esses e vários outros fatores que me fizeram tomar a decisão de sair para me dedicar a outros projetos.
Soundcheck: Como surgiu e o que é o QG Drums?
Bolha: Mesmo com toda a correria, montei o QG Drums em sociedade com o Felipe Nahas (baterista), que além de ser caprichoso, tinha bastante equipamento e conhece muito de manutenção de instrumentos… aprendi muito com ele!
Ele abraçou a ideia e começamos a fazer o trampo de manutenção, locação, aulas de batera… E em um determinado momento, chamamos o Wesley Abdo (baterista) que abraçou a causa e somou com o projeto trazendo mais equipamento!
Depois de um período, com a saída do Felipe, ficou eu e o Wesley trabalhando para colocar em prática todas as ideias para que o negócio continuasse crescendo!
Soundcheck: E qual foi o momento que você decidiu voltar para a estrada?
Bolha: Fiquei dois anos focado nos meus projetos, nesse tempo começou a dar saudade do play e comecei a fazer alguns sons com os amigos e em um certo dia o Rodrigo Guess, lá do estúdio do Pepato, me ligou convidando para gravar o DVD da Maiara e Maraisa.
Com o QG andando bem, depois da gravação desse DVD me deu aquela vontade de voltar a tocar. Decidi cair para estrada novamente e joguei para o mundo isso… não deu uma semana o Bruninho me ligou convidando para tocar com ele. Nisso comecei novamente aquela correria. Peguei o repertório e na mesma semana já estava tocando com toda essa galera que já vínhamos fazendo um som desde as antigas, como o Victão, Henrique, Bruninho e o Davi!
Soundcheck: Hoje você tem um jeito de tocar e uma sonoridade muito peculiar, quais foram suas influências?
Bolha: Com essas influências do rock, acaba que fica um jeito meio diferente de tocar e foi na época do Michel que precisei evoluir para chegar onde eu estou hoje.
Lá eu sabia que precisava representar, precisava chegar resolvendo! Me inspirei 100% no Anderson Nogueira (baterista), que foi o batera do Tradição e tinha tocado por 12 anos com o Michel.
Depois do Anderson, eu seria o próximo batera que tocaria com o Michel, a responsa era grande!
O Marcelo Fraga “Baiano” (guitarrista), também foi um dos caras que me ajudou muito nesse período. Me ajudou a fazer “balançar” e acabei criando esse jeito diferente de tocar, com influências de tudo que eu já escutei e que agora no Bruninho & Davi, esse meu jeito de tocar, está soando muito bem.
Mas na verdade, isso tudo foi acontecendo… eu sempre me preocupei com a música, em como está soando o conjunto!
Soundcheck: Quais foram os acontecimentos do último ano e os planos para 2016?
Bolha: Tudo que vem acontecendo está sendo muito importante… vem para selar tudo que estou buscando. Esse ano gravei o DVD da Maiara e Maraisa com o Eduardo Pepato (produtor) e recentemente fui convidado novamente para gravar o DVD do George Henrique e Rodrigo, é sensacional isso! Sem falar na experiência de passar praticamente dez horas por dia tocando bateria, durante uma semana, ensaiando com toda aquela galera para o DVD.
E para o ano que vem temos mais um projeto, o DVD do Bruninho & Davi… e muitas outras novidades!
Foto – Kaique Silva
Bolha, agradecemos muito por ter separado esse tempinho para conversar com a gente, queremos acompanhar de perto esses novos projetos e conhecer o QG Drums. Vlw!
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Brunão, que top seu trampo mano..!! Satisfação total saber mais as histórias … Top demais !! Parabéns irmão!! De verdade !! Muito bom !!
Olá, Tudo bem Gostei muito do seu post e seu Blog, Parabéns pela iniciativa, gostaria de fazer uma parceria tem como?
Eu realmente aprendi muito.