Basta conhecer quem são os artistas que esse cara já produziu para ver o quanto seu trabalho tem se destacado no cenário musical. Alguns milhões de views em suas produções… já é o suficiente para ter certeza que realmente o que te trouxe até aqui, foi, além de dedicação, muito talento.
Soundcheck: Por influências do seu pai que você entrou para o universo do áudio?
Marcelinho: O meu início no áudio, claro, como meu pai trabalhava com isso… foi algo que ajudou e me influenciou muito.
Mas tudo começou quando eu, ainda moleque, tocava guitarra. Como meu pai já tinha o estúdio, estávamos sempre por aqui gravando nossas próprias músicas e tal… e por isso, nós mesmo precisávamos dar o play rec.
O batera da banda, na época, o Adriano Daga, já sabia gravar e com isso era o responsável por gravar praticamente tudo. E eu, estava sempre do lado, aprendendo… já começando a dar um play rec aqui, um play rec, ali… E assim fui começando.
Soundcheck: Quando rolou suas primeiras experiências profissionais?
Marcelinho: Para começar a ganhar uma graninha, vim trabalhar de auxiliar aqui no estúdio, guardando cabos, arrumando o estúdio… e assim comecei a trabalhar e aprender.
Depois, em paralelo, comecei a trabalhar na unidade móvel da “Gabisom”, como assistente. Foi onde pude aprender muitas coisas, e conhecer muita gente… Tanto os caras aqui do Brasil, quanto os gringos que vinham gravar aqui.
Lá pude participar de mais de uns duzentos discos e estar em contato com uns caras foda pra caramba, como o Flávio Sena, Marcelo Saboia, Rodrigo Vidal… aprendi muito com eles. Principalmente, sobre gravação ao vivo. Vendo as pessoas experimentando e testando os equipamentos, foi me dando alguns parâmetros e assim fui indo.
Soundcheck: Pelo fato de ser filho do Santiago Ferraz, tiveram muitas cobranças?
Marcelinho: Do meu pai nunca rolou pressão, cara! Ele sempre me apoiou e me deu maior força. Agora, muita gente cornetou… dizendo que eu só estava ali por que era filho do Santiago, ou até mesmo, só está fazendo o P.A da Malta por que é amigo do baterista e tal… esse tipo de coisa, rolou!
Sempre tem essa galera com esse tipo de comentários. Todos os dias você tem que provar o contrário, até por que, se estivesse ali só pelo fato de ser isso ou aquilo, sem conseguir resolver a parada, não estaria trabalhando o tempo que estou.
Até teve uma vez, quando trabalhei em um projeto do Rolling Stones, deu vontade de postar: “Estou aqui por que sou amigo do Mick Jagger?!” (risos)
Pelo fato de ter essas pessoas ao meu lado, só me deram um gás para sempre fazer o melhor. Essas coisas sempre serviram de estímulos para crescer cada dia mais!
Soundcheck: Qual sua relação com o Rock in Rio?
Marcelinho: Meu primeiro Rock in Rio, foi em Lisboa, 2006. Nessa época fui de auxiliar, quem mixava era o meu pai. Fizemos a mix para a primeira transmissão ao vivo em 5.1 para toda a Europa.
Somente no Rock in Rio de 2008, também em Lisboa, que fui mixando… e já fazendo o palco mundo com artistas como: Metallica, Linkin Park…
Dai para frente, fiz vários festivais desse porte.
Soundcheck: Quais outros momentos, trabalhando em festivais, foram marcantes?
Marcelinho: Ano passado no Rock in Rio, em Las Vegas, foi uma experiência incrível. Estava mixando o palco principal e conheci todo o pessoal do “Le Mobile”… o estúdio móvel que estava fazendo as mix da transição ao vivo do palco B.
Um dos engenheiros do “Le Mobile”, o Guy Charbonneau, que já tinha feito a mix de alguns dos disco do No Doubt, veio nos conhecer e ficou ao meu lado durante toda a transmissão do show do No Doubt, que estava acontecendo no palco principal… enfim, ele curtiu meu trabalho.
Eu já tinha feito, também, algumas coisas com o filho dele o Ian C. Charbonneau, que faz o Offspring, em outros edições do Rock in Rio que trabalhei. Foi muito bom a experiência de trabalhar com eles. Isso redeu um grande aprendizado e oportunidades, como um convite para um projeto em Los Angeles. Eu disse que ok… aceitei, lógico! (risos)
Cheguei lá no estúdio e o projeto era do Rolling Stones, cara! Fiquei de assistente… vi o Bob Clearmountain gravar! Foi uma semana muito foda por lá!
A gente vai aprendendo, com tudo isso que vamos vivendo, cada dia que passa.
Soundcheck: Qual sua preferência, estúdio ou ao vivo?
Marcelinho: Não tenho muita preferência. Estar no caminhão é como estar no estúdio… mas, muito diferente de fazer um PA, que comecei, mais ou menos em 2009.
P.A é um outro universo, você equaliza as coisas de maneira diferente. Sem falar, principalmente, que aqui no Brasil, você não encontra as melhores condições em relação a equipamento e estrutura na maioria dos lugares que você vai. Fazer P.A, cada dia é um dia! São diversos fatores que vão influenciar.
Soundcheck: Quando decidiu cair na estrada para fazer P.A?
Marcelinho: Na época, produzi a banda Cine, que estourou, e os caras me convidaram para fazer o P.A deles e acabei caindo na estrada.
Comecei a levar a vida que mais ou menos tenho hoje, durante a semana estou aqui no estúdio e finais de semana estou na estrada. Eu gosto da estrada, cara! Gosto de viajar, conhecer pessoas e lugares. Às vezes não dá tempo de fazer muitas coisas, mas é uma coisa que… eu gosto!
Soundcheck: Quais os segredos para fazer um bom P.A?
Marcelinho: Quanto mais limpo estiver o palco, é melhor! Hoje em dia muita gente já está trabalhando com esse cuidado, principalmente os gringos que pude ver nesses festivais que trabalhei. Sem amplificadores, ou desligados para ter o mínimo de vazamento possível.
“Quanto menos vazamento no palco, mais limpo será o som do P.A”
E outra, tudo vai soar melhor, se não estiver vindo aquela sujeirada do palco. Você consegue trabalhar tudo no P.A, tranquilo! Vários outros fatores também, como o vazamento do palco para o público, principalmente em locais menores. Isso também é muito importante, não só para o P.A, mas para os próprios músicos que estão no palco, que vão conseguir se ouvir melhor.
Soundcheck: Precisou estudar muito para chegar até aqui?
Marcelinho: Pesquiso e estudo muito até hoje. Na internet hoje em dia você encontra muita coisa. E tenho minhas referências como o Flávio Sena, Marcelo Saboia, Rodrigo Vidal, Adriano Daga e os gringos, como o Dave Pensado, Chris Lord-Alge, Tom Lord-Alge…. Esses são os caras que estão fazendo tudo! Quando vou mixar qualquer parada, tenho que ouvir o trampo deles, sempre!
É preciso estudar, por que todos os dias estão surgindo coisas novas. Escutar muitas coisas, todos os tops 100 que estão na parada mundial, quanto os mais alternativos. Ouvir e se atualizar! Saiu um disco novo no mercado, vou lá escutar! É sempre bom, ter referências.
Soundcheck: Quando surgiu o interesse pela produção?
Marcelinho: Comecei, lá atrás, tocando guitarra, portanto, já fazia música e durante esse período no estúdio, fui pegando as coisas…
Tinha banda que chegava para gravar aqui sem um produtor, e com isso, você acaba fazendo uma coisa ou outra para os caras… e quando você vê, já está produzindo, gravando, mixando, fazendo P.A… (risos)
Soundcheck: Durante sua carreira, com quais nomes você já trabalhou?
Marcelinho: Como Engenheiro de Áudio, trabalhei com Metallica, Linkin Park, No Doubt, Motörhead, Joss Stone, Miley Cyrus, McFly, Amy Macdonald, SoulFly, Franz Ferdinand, Jack Johnson, Stereophonics, Rihanna, Jane’s Addiction, Katy Perry, Coheed and Cambria, Ivete Sangalo, Pitbull, 30 Seconds to Mars, CPM 22, Charlie Brown Jr, Malta…
Como Produtor Musical, trabalhei com nomes, como: Lexa, Mc Gui, Mc Gimê, Projota, Anitta, Marcelo D2, Charlie Brown jr, Negra Li, Cine, Sofia Oliveira, Vanguart… produção e arranjo, tudo feito aqui no LCM Estúdio.
Tenho feito bastante coisa… e também muitos trabalhos em parceria com o Pedro Dash da “Headmedia”.
Soundcheck: Mesmo trabalhando com diversos gêneros, você consegue imprimir sua marca em cada trabalho?
Marcelinho: Hoje em dia já consigo imprimir minha cara nos meus trabalhos. As mix que eu faço tem minha cara. Meu som é muito diferente do que a galera costuma fazer por aí.
Tento, sempre que possível, fazer isso. Claro, depende muito de várias coisas, como o artista, a produção… mas sempre que é possível, tento fazer do melhor jeito que eu acredito que seja o ideal para cada trabalho, sempre deixando minha marca.
Soundcheck: Quais os projetos mais recentes?
Marcelinho: Fiz o disco mais recente do Projota. Não vou dizer que é um disco que foi um divisor de águas, pelo fato dele já estar vindo em uma crescente, ganhando espaço cada vez maior no mercado. Mas foi um disco muito mais Pop, saindo um pouco do que ele já vinha fazendo… e mesmo assim é um disco que está trazendo muitos resultados positivos, como as quatro músicas na novela da Tv Globo.
“Um artista que surgiu do Rap que agora está entrando no Pop,
já colocar quatro músicas na novela… é bastante gratificante!”
A Universal Music me chamou para produzir o disco, e com os resultados, decidiu dar continuidade no projeto e investir em um DVD, no qual também trabalhei e que estamos lançando em breve.
Marcelinho, obrigado por nos receber aí no LCM Estúdio para bater esse papo com a gente. Sempre que tiver novidades, lembre da gente. Queremos registrar esses feitos! Vlw
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